Após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa de juros (Selic) dentro do esperado pelo mercado, em 0,50 ponto percentual (p.p.), de 14,25% para 14,75% ao ano, a Warren Investimentos mudou a projeção para a Selic terminal.
Em relatório assinado pelo chefe de estratégia macro, Luis Felipe Vital, o banco reduziu a estimativa para a Selic terminal, de 15%, para 14,75%, antecipando o fim do ciclo de aperto monetário de junho para maio.
Segundo Vital, o comunicado reforçou o tom de flexibilidade e cautela, sem se comprometer com novos ajustes devido ao “estágio avançado do ciclo e dos impactos acumulados ainda a serem observados”.
Além disso, na avaliação dele, o Comitê demonstra preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação, e reforça que o cenário atual exige uma política monetária significativamente contracionista por um período prolongado — o que esfria as apostas de cortes em 2025 apontadas no Focus.
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Vital também destaca que da última vez em que o comitê sinalizou manter juros por um período prolongado, em setembro de 2022, foram necessárias sete reuniões até o início dos cortes.
“Não há elementos que justifiquem um ajuste fino de 0,25 ponto percentual (p.p.)”, aponta. “Embora precificado, o Copom não se compromete com esse ajuste adicional, que seria uma sintonia fina ou um gradualismo, dado o nível atual já bastante contracionista”, completa.
Segundo Vital, o Comitê também evitou classificar o balanço de risco como assimétrico, fazendo questão de destacar que os riscos, em ambos os lados, estão mais altos do que o habitual. “Chamou atenção a inclusão de um risco de baixa, com menção à ‘redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários’”, aponta.
O estrategista também destacou que o comunicado trouxe considerações sobre a política comercial e seu impacto na desaceleração da economia dos Estados Unidos (EUA), além de destacar o efeito heterogêneo entre países. Contudo, contribuindo para justificar os riscos mais elevados do que o usual no balanço.
Já em relação à atividade e inflação, a Warren aponta que, embora haja dinamismo da economia, o Copom manteve a redação de sinais incipientes de moderação no crescimento, com a inflação e as medidas subjacentes ainda acima da meta. Para 2026, atual horizonte relevante para a política monetária, a estimativa da inflação foi revisada para 3,6%, ante 3,9% no comunicado anterior — quando o horizonte relevante era o terceiro trimestre de 2026.
A decisão da Selic a 14,75%
Em decisão unânime, essa alta foi a sexta consecutiva e já estava precificada pelo mercado, após a sinalização do colegiado do Banco Central (BC) na reunião de março. Na época, o Comitê elevou o juro em 1 ponto percentual, de 13,25% para 14,75%, deixou “contratado” um novo ajuste de menor magnitude para a reunião de hoje.
No comunicado, o Comitê afirmou que a alta de 0,50 ponto percentual é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante e acrescentou que “se manterá vigilante e a calibragem do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta”.
O colegiado do BC, dessa vez, não forneceu uma orientação para a decisão de junho — um dos pontos mais esperados pelo mercado nos últimos dias. “Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, disse o comunicado.
“Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”, acrescentou.
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