A despeito da política monetária contracionista, com o Comitê de Política Monetária (Copom) promovendo um ciclo de alta da Selic nas últimas seis reuniões – desde setembro – a atividade econômica brasileira engatou o quarto avanço seguido em abril. O IBC-Br, calculado pelo Banco Central, mostrou alta mensal de 0,2%, conforme dados divulgados nesta segunda-feira (16).
Os economistas chamaram a atenção para a perda de ímpeto do indicador, após altas de 1,41% em janeiro, 0,60% em fevereiro e 0,70% em março, mas não deixaram de citar a resiliência da atividade.
Para o sócio e economista chefe da G5 Partners, Luis Otávio Leal, o fato de o IBC-Br ter emplacado o quarto mês consecutivo de expansão na margem sugere que, realmente, a atividade econômica permanece relativamente aquecida no Brasil. A dúvida, segundo ele, é o que acontecerá nos próximos meses.
“De um lado, temos uma política monetária altamente contracionista e várias incertezas advindas do cenário internacional; do outro, um mercado de trabalho apertado e um governo empenhado em sustentar a demanda agregada. É difícil saber, no momento, qual das forças prevalecerá”, comentou, acrescentando que uma desaceleração gradual da economia brasileira seja um bom “chute educado” sobre as perspectivas.
Ele disse ainda que, de certo modo, os primeiros dados de atividade do 2° trimestre já apontam para um desempenho mais ambíguo da economia. “Por hora, mantemos a projeção de expansão de 0,4% para o PIB do 2° trimestre”, estimou.
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Leonardo Costa, economista do ASA, por sua vez, destacou que houve recuo na atividade agropecuária, após o recorde do 1º trimestre do ano, e da indústria. Por outro lado, os serviços voltaram a acelerar (+0,4%) na margem.
Para ele, o desaquecimento do PIB deve ser bastante gradual, com o dado de abril indicando desaceleração na margem. “Os antecedentes de maio indicam o mesmo movimento de esfriamento da atividade doméstica”, lembrou.
A análise do Goldman Sachs também destacou que o crescimento acima do esperado em abril foi impulsionado por uma expansão moderada do setor de serviços, mas foi prejudicado por quedas na indústria e nos setores agropecuário e pecuário.
“Na comparação anual, a atividade econômica apresentou uma variação de 2,46% em abril, acima do consenso de 2,35%. O efeito de carrego para o crescimento sequencial do segundo trimestre de 2025 está em sólidos 0,83% na comparação trimestral com ajuste sazonal”, calculou Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do banco de investimentos.
O diretor disse esperar que a atividade econômica seja beneficiada por transferências fiscais federais para famílias de baixa renda com alta propensão ao consumo, expansão da renda disponível real das famílias e novos programas de crédito consignado.
Como fatores de atenuação, ele citou as condições monetárias e financeiras domésticas mais restritivas, altos níveis de endividamento das famílias e baixo nível de ociosidade econômica.
Na visão da Genial Investimentos, os números divulgados ficaram em linha com as leituras das últimas semanas dos principais indicadores setoriais divulgados pelo IBGE (indústria, serviços e varejo), que apontaram para um gradual processo de arrefecimento da economia frente a um cenário macroeconômico adverso.
“Na nossa avaliação, o crescimento da economia em 2025 será liderado pelo forte desempenho da agropecuária, que em conjunto dos seus ‘spillovers’ sobre os demais setores da economia, deve promover um ritmo de expansão bastante robusto no primeiro semestre do ano.”
Para o segundo semestre, A Genial disseque, embora o cenário base ainda seja de desaceleração da economia brasileira, as políticas de estímulo à demanda anunciadas desde a virada do ano e o pagamento de precatórios na ordem de R$ 70,0 bi em julho devem contribuir para manter o canal de transmissão da política monetária contracionista para a economia obstruído. “Entendemos que há um viés altista na nossa expectativa de crescimento para o período”.
Na avaliação da XP, as componentes serviços e impostos do indicador cresceram moderadamente em abril, enquanto a medida da Indústria reverteu parcialmente a forte alta registrada em março.
“A dinâmica dos principais fundamentos do consumo — emprego, renda, concessões de crédito — tem sido mais forte do que se pensava inicialmente. Além disso, destacamos o impacto de algumas medidas governamentais recentemente anunciadas sobre o crescimento esperado, que mal apareceram nos números do PIB do 1º trimestre”, destacou a análise. A XP disse esperar que o PIB aumente 2,5% em 2025.
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