Mais um dia, mais uma rodada de ameaças tarifárias do presidente Trump — e mais um recorde para o S&P 500. O que está acontecendo? [A coluna foi publicada antes de as bolsas fecharem na sexta-feira]
Pode ser resultado do otimismo crescente do mercado sobre um corte na taxa de juros, ou alívio pelo fato de algumas empresas terem apresentado resultados surpreendentemente positivos. Ou pode ser um déjà vu do chamado “TACO trade”, com investidores convencidos de que Trump vai recuar novamente na guerra comercial.
Mas Jamie Dimon, do JPMorgan Chase, ofereceu outra explicação na quinta-feira: “Infelizmente, acho que há complacência nos mercados.”
Jamie Dimon diz que Trump está certo em “amarelar” e critica complacência do mercado
CEO do JPMorgan também criticou tarifas recentes impostas por Trump e a postura dos democratas, diante da eleição iminente em Nova York
Últimas notícias: Trump disse na quinta-feira que iria impor uma tarifa de 35% sobre o Canadá, a partir de 1º de agosto, e que planeja aumentar as tarifas básicas para todos os parceiros comerciais para entre 15% e 20%, contra 10% atualmente. “Acho que as tarifas foram muito bem recebidas,” disse ele à NBC News. “O mercado de ações atingiu uma nova alta hoje.”
Apesar da escalada da guerra comercial, os futuros do S&P 500 na sexta-feira caíram apenas ligeiramente.
Mas o cenário comercial pode começar a ficar confuso. O Vietnã ficou surpreso com a tarifa de 20% anunciada por Trump na semana passada, segundo a Bloomberg, e estaria buscando negociar melhores termos comerciais. Na verdade, Hanói ainda não aceitou formalmente os detalhes-chave do que a Casa Branca apresentou como um acordo fechado e uma grande vitória, acrescenta o site Politico.
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Isso levanta uma grande questão sobre os mercados globais: os investidores devem acreditar na palavra de Trump? “Você tem que pagar o blefe dele neste ponto,” disse Patrick Armstrong, diretor de investimentos da Plurimi Wealth, à Bloomberg Television na sexta-feira.
As taxas de juros também pesam para os investidores. Custos de empréstimos mais baixos podem aliviar as famílias e aumentar os lucros corporativos. Trump manteve a pressão sobre o Fed: “O PAÍS ESTÁ AGORA ‘DE VOLTA’. UM CRÉDITO EXCELENTE! O FED DEVE REDUZIR RAPIDAMENTE A TAXA PARA REFLETIR ESSA FORÇA,” escreveu ele no Truth Social na quinta-feira.
Mas os principais formuladores de política do banco central continuam divididos. No grupo de Trump está Christopher Waller, um indicado de Trump considerado candidato a presidente do Fed no próximo ano, que está aberto a reduzir os custos de empréstimos na próxima reunião de definição de taxas ainda este mês. Mary Daly, presidente do Fed de São Francisco, prevê dois cortes, mas começando em setembro. E Alberto Musalem, presidente do Fed de St. Louis, acha que o banco central deve continuar esperando, posição semelhante à do presidente do Fed, Jerome Powell.
O mercado futuro na sexta-feira estava precificando cerca de dois cortes, começando em setembro.
Dimon é um contrarian [alguém cuja opinião vai contra a corrente] aqui também. O CEO do JPMorgan acha que as taxas devem subir. “Estou precificando uma chance de 40% a 50%” disso acontecer, disse ele, acreditando que os mercados estão subestimando as consequências das tarifas.
c. 2025 The New York Times Company
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