O presidente e fundador da consultoria de risco global Eurasia, Ian Bremmer, considera que a imposição da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é uma interferência na política interna do país.
“Os EUA intervêm na política interna do Brasil, enquanto o presidente Trump anuncia tarifas de 50% ‘devido em parte aos ataques insidiosos do Brasil’ a Jair Bolsonaro”, disse Bremmer em publicação na rede social X (antigo Twitter).
Na avaliação de Bremmer, “é difícil ver como serve ao interesse nacional dos EUA anunciar tarifas sobre o Brasil em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro”. “Não que o presidente Trump esteja afirmando isso. Mas, como isso vai custar caro aos contribuintes, vale a pena ressaltar”, acrescentou.
Ele ainda destacou que “seria intolerável para os líderes políticos americanos (republicanos e democratas) se outro país tentasse isso nos Estados Unidos”.
A alíquota imposta pelos EUA ao Brasil é a maior divulgada nessa segunda rodada de anúncios tarifários. Fica atrás apenas de países como Mianmar e Laos, que também foram taxados em 40% no “Dia da Libertação”, em 2 de abril.
Tarifas de Trump ao Brasil
Em carta enviada ao governo brasileiro no início da noite desta quarta-feira (9), Trump anunciou a adoção de uma tarifa de 50% aos produtos originados do Brasil vendidos aos EUA. E a primeira justificativa que consta no documento, enviado diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é a “forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro”.
Trump afirma que é uma “vergonha internacional” o julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023, que tem Jair Bolsonaro como um dos réus. “É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, diz o presidente dos EUA.
Outro ponto citado na carta é a “violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”. Neste caso, Trump se refere às “centenas de ordens de censura” emitdas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a plataformas de redes sociais dos EUA.
“A partir de 1º de agosto, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes”, diz a carta.
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Em reação à medida, os mercados futuros brasileiros afundaram em perdas. O iShares MSCI Brazil (EWZ), fundo de índice (ETF, na sigla em inglês) negociado na Bolsa de Nova York (NYSE) e que replica o desempenho do mercado acionário brasileiro chegou a cair quase 2%.
Os juros futuros de médio e longo prazos firmaram alta e renovaram as máximas intradia, subindo mais de 20 pontos-base. As taxas do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2031, por exemplo, encerrou a sessão a 13,62% ante 13,45% do fechamento anterior Já a taxa do DI para janeiro de 2034 terminou o dia a 13,67%, após renovar a máxima a 13,70%, contra a taxa de 13,49% no ajuste anterior.
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