Em meio ao arrefecimento das tensões bancárias, o Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou a previsão para o crescimento econômico do planeta este ano, conforme atualização do relatório de Perspectivas da Economia Mundial, divulgada nesta terça-feira (25). A instituição, no entanto, alerta para “desafios persistentes” no cenário, diante do compromisso de bancos centrais na luta contra a inflação.
O FMI elevou a projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2023, de 2,8% a 3,0%, o que ainda representaria uma desaceleração após o avanço de 3,5% em 2022. Para 2024, a estimativa se manteve igual à do relatório de março, também em 3,0%.
O documento diz que os países desenvolvidos devem conduzir a desaceleração mundial, e o PIB das economias avançadas deve crescer 1,5% neste ano, contra 2,7% do ano passado. O valor também foi revisado para cima: em abril, o FMI esperava que o crescimento fosse de 1,3%. Para 2024, a projeção de alta no PIB também foi mantida, a 1,4%.
Já os países emergentes e em desenvolvimento devem crescer acima da média, diz o relatório. O FMI revisou para cima o crescimento em 2023 em 0,1 ponto porcentual e projeta alta de 4% no PIB destes países, mesmo valor apresentado em 2022. Para 2024, porém, a previsão foi revisada para baixo em 10 pontos-base e agora o Fundo espera crescimento de 4,1%.
Segundo o fundo, a “resiliência” no crescimento de curto prazo se dá à queda nos preços de energia e alimentos após a guerra na Ucrânia, e à “ação enérgica das autoridades” para conter a instabilidade bancária que abalou o mercado em março com as quebras dos bancos Silicon Valley Bank, nos EUA, e Credit Suisse, na Suíça.
Porém, o FMI avalia que o aperto monetário pelos bancos centrais tem feito a atividade global perder força, com desaceleração no crescimento do crédito ao setor não financeiro. Enquanto isso, o núcleo da inflação tem se mostrado resistente no mundo, com destaque para os países desenvolvidos, e a inflação de preços tem subido a níveis mais acentuados que a inflação de salários, pontua o Fundo.
China
A expectativa de que a China crescerá 5,3% em 2023 foi mantida, mas o Fundo reduziu levemente a projeção para o próximo ano, de 5,1% para 5,0%.
Para os mercados emergentes em geral, o fundo espera agora crescimento de 4,0% neste ano (alta de 0,1 ponto ante a projeção de abril) e de 4,1% em 2024 (corte de 0,1 ponto na mesma comparação). Mas alerta que a média estável “mascara divergências”, com 61% das economias nesse grupo crescendo mais em 2023, enquanto as demais, entre elas países de renda baixa, crescendo mais lentamente.
O FMI advertiu que a recuperação chinesa pode desacelerar, “em parte como resultado de problemas não resolvidos no setor imobiliário, com repercussões negativas para além de suas fronteiras”. O Fundo vê a demanda chinesa “mais fraca que o esperado”, na retomada do país após as medidas contra a covid-19.
Após um impulso inicial, a recuperação chinesa perde força, nota, com o setor imobiliário pesando nos investimentos e também demanda fraca do exterior, enquanto a taxa de desemprego entre os jovens no país está em nível alto, de 20,8% em maio de 2023, menciona o fundo.
Ao contrário de boa parte do mundo, a inflação não se apresenta como um problema para a China. O FMI recorda que inclusive o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) cortou juros recentemente. Ao mencionar potenciais “riscos de alta” para a economia global, o FMI diz que um deles seria que houvesse mais estímulos que o esperado na China, com repercussões positivas para a economia global.
Argentina
A projeção para o PIB da Argentina em 2023 foi revisada para baixo e o FMI passou a prever recessão no país, que enfrenta grave crise. O organismo espera que a economia doméstica encolha 3% neste ano, revertendo projeção de alta de 0,2%.
“A Argentina está enfrentando uma situação muito difícil, especialmente agravada pela seca e que tem afetado o setor de agricultura no último ano”, disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, em coletiva de imprensa.
A vice-diretora do Departamento de Pesquisas do FMI, Petya Koeva Brooks, disse que o impacto da seca na agricultura argentina é responsável pela revisão do PIB local neste ano, mas o segmento também dará o impulso para a recuperação econômica em 2024. O fundo vê a Argentina crescendo 3% no próximo ano.
Sobre preços, o FMI está projetando uma inflação de 120% no país no fim de 2023, considerando a implementação de políticas macroeconômicas que foram acordadas recentemente, segundo Brooks. “Então, novamente, isso requer alguma moderação nas taxas de inflação para atingir este 120%”, explicou.
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