As importações de fertilizantes pelo Brasil atingiram um recorde mensal em agosto, superando 5 milhões de toneladas, com muitos produtores optando por insumos mais baratos, mas de menor concentração de nutrientes, avaliou a StoneX em relatório nesta segunda-feira (8).
Para compensar a menor concentração, são necessárias aplicações de maiores volumes de fertilizantes nas lavouras, o que ajuda a explicar o crescimento das importações pelo país, um dos maiores consumidores e importadores globais do insumo.
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As compras externas de fertilizantes pelo país, que importa cerca de 85% de suas necessidades, aumentaram 10% ante o mesmo período do ano passado, em momento em que produtores se preparam para o plantio da nova safra de grãos 2025/26, que tem um desafio de custos mais altos.
A empresa de serviços financeiros StoneX citou a maior procura por fertilizantes menos concentrados em 2025, como o SSP (super simples), um substituto que custa menos que o MAP, um fosfatado de alta concentração.
O NP, adubo composto de nitrogênio e fósforo, também tem sido destaque de importações por ser mais barato, disse Tomás Pernías, analista da StoneX.
O preço do MAP no Brasil está US$ 730 por tonelada (no porto), enquanto o SSP está em torno de US$ 190/tonelada, segundo ele. De outro lado, o MAP tem 52% de fósforo contido, enquanto o SSP tem 18%.
“Então está muito claro que houve tentativa de contornar custos elevados”, disse Pernías, em entrevista à Reuters.
Ele destacou que a área plantada no Brasil tem crescido, o que exige maiores volumes de fertilizantes a cada ano para garantir boas produtividades, mas observou que as importações vieram acima das expectativas.
“É devido principalmente a essas importações de produtos menos concentrados. Se é menos concentrado, vai precisar de mais toneladas para oferecer a mesma quantidade de nutrientes (às lavouras)”, acrescentou.
O Brasil está iniciando a semeadura da soja na safra 2025/26, e especialistas apontam um crescimento mais modesto na área plantada, citando custos mais altos e taxas de juros mais elevadas.
Os maiores custos do MAP se deram com a China, grande exportadora, limitando as vendas externas para garantir oferta para seus agricultores.
A mesma lógica da substituição de produtos vale para a ureia, com produtores brasileiros buscando alternativas com boa relação custo-benefício.
“No setor de nitrogenados, essa escolha também tem sido feita. O Brasil sempre importou muita ureia, mas em 2025 vimos que o sulfato de amônio aumentou bastante, ele também é um nitrogenado com menor concentração e também é usado para substituir a ureia”, afirmou Pernías.
Entregas
Com essas movimentações de fertilizantes de menor concentração, é possível que isso também impacte nos volumes entregues ao mercado brasileiro este ano, além da própria demanda advinda do crescimento da área de soja, a principal cultura agrícola do Brasil.
O recorde de entregas de fertilizantes no Brasil foi registrado em 2021, com 45,855 milhões de toneladas, enquanto o mercado ficou próximo desse patamar nos últimos dois anos, segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
As entregas de fertilizantes ao mercado brasileiro totalizaram 20,14 milhões de toneladas no primeiro semestre, um aumento de 10,5% em relação ao mesmo período de 2024, informou a Anda na semana passada.