A economia brasileira deve apresentar um “pouso suave” nos próximos meses, afirma o chefe de pesquisa econômica do BTG Pactual, Samuel Pessôa.
Segundo ele, no cabo de guerra entre a política monetária “muito contracionista” e o fiscal, parafiscal e creditício “expansionistas”, a ponta monetária está ganhando. “Está gerando uma desaceleração importante”, disse.
A Selic está em 15% ao ano e, segundo o Banco Central, deve ser mantida em “patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”
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Pessôa ressaltou, na 26ª Conferência Anual do Santander, que os setores cíclicos — que correspondem a cerca de 70% da economia — devem desacelerar de forma significativa este ano, de 4% em 2024 para cerca de 1%.
O economista destacou também que a política fiscal passa por uma mudança relevante. Ao considerar os precatórios pagos em atraso, o crescimento do gasto primário real neste ano fica abaixo de 2%, o que indica uma desaceleração significativa na área fiscal.
No entanto, ele pondera que parte desse avanço deve ser revertido no próximo ano — que é eleitoral –, embora sem grande intensidade.
Ele acrescentou ainda que o mercado de trabalho está em pleno emprego, mas o hiato está bem menor do que o padrão histórico.
O BTG projeta que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deve ser de 1,9% em 2025 e 1,5% em 2026.
Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, por sua vez, destacou que os juros elevados estão começando a impactar o crédito e a desaceleração econômica, embora de forma mais lenta do que o previsto.
Já a economista-chefe do JP Morgan para a América Latina, Cassiana Fernandez, disse que a desaceleração já está presente e deve se intensificar no segundo trimestre.
Ela avaliou, no evento, que o impulso fiscal ainda existe, mas de forma mais moderada, e que o cenário global mais fraco contribui para reduzir pressões inflacionárias.