Desde que Donald Trump assumiu seu segundo mandato em janeiro, os discursos de campanha sobre mudanças nas relações comerciais dos Estados Unidos passaram de ameaças a anúncios formais de tarifas “reciprocas”. Por conta disso, economistas, gestores de investimentos, corretoras, bancos e exportadores não tem feito outra coisa que não tentar contabilizar o tamanho da conta. Afinal, como mensurar os ganhadores e perdedores da guerra comercial?
Um dos centros que tem acompanhado as medidas e oferecido um termômetro de curto e longo prazo é o The Budget Lab, na Universidade de Yale. E o que eles têm divulgado até agora é uma trilionária arrecadação extra pelos EUA na próxima década, mas com uma pressão de preços sobre o consumidor médio. Isso além de efeitos danosos no PIB e no emprego.
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Sobre o impacto fiscal, as tarifas anunciadas até agora – caso sejam realmente efetivadas – arrecadariam US$ 3,0 trilhões em relação entre 2026 e 2035. Incluindo nessa conta os efeitos negativos das tarifas na produção, estimados US$ 487 bilhões ao longo da década, a receita dinâmica total ficaria em US$ 2,5 trilhões no período.
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Mas os efeitos negativos na atividade econômica também não serão desprezíveis. Somando as tarifas anunciadas neste ano com a possíveis retaliação estrangeira, o crescimento real do PIB americano ficaria 0,9 ponto percentual menor em 2025.
Já a taxa de desemprego terminaria 2025 num patamar 0,5 p.p. mais alto, com um payroll de 641 mil vagas a menos no último trimestre do ano. Em prazos mais longos, o nível do PIB real permaneceria persistentemente -0,45% menor, o equivalente a US$ 135 bilhões anualmente em 2024, enquanto as exportações ficariam 17,5% menores.
Ainda segundo o The Budget Lab, a produção de longo prazo no setor manufatureiro americano poderia se expandir 2,6% sob as tarifas, com a produção os bens duráveis avançando 4,8% e manufatura não durável ficando 1,4% maior. No entanto, a indústria de manufatura mais avançada cairia 2,9%. Além disso, haveria queda de 4,1% na construção, de 0,8% na agricultura e de 1,5% na indústria extrativa.
Para o PIB global, é previsto que a economia do Canadá fique 2 p.p. menor em termos reais no longo prazo. A queda para China seria de 0,2 p.p. e a da União Europeia é estimada em -0,1 p.p.. Para o Reino Unido, no entanto, haveria ganho de 0,2 p.p., graças em parte aos benefícios do acordo comercial EUA-Reino Unido. Para o mundo, o impacto esperado é negativo em 0,15 p.p.. Não foi feito um cálculo específico sobre o Brasil.
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Preços domésticos
O consumidor médio americano também deve sentir um impacto das medidas tarifárias. “As tarifas de 2025 implicam um aumento nos preços ao consumidor de 2,1% no curto prazo, assumindo nenhuma reação política do Federal Reserve e repasse total das tarifas aos consumidores”, diz o estudo.
Esse número, sem considerar o efeito da substituição de produtos, chega a US$ 2.800 por família, em média, em dólares de 2025. Considerando a substituição, a projeção é de impacto de 1,8% no preços internos, o que significaria uma perda de curto prazo de US$ 2.300 por família.
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