O governo federal anunciou uma contenção de R$ 31,3 bilhões no Orçamento de 2025 nesta quinta-feira (22) e, na avaliação da Warren Investimentos, o corte é suficiente para garantir o limite inferior da meta fiscal, “confirmando o nosso cenário para o ano”.
“O anúncio é uma notícia bastante positiva. Nas nossas análises publicadas desde o final do ano passado, vínhamos indicando que o governo deveria usar o primeiro relatório bimestral, que acabou não sendo divulgado, sob a justificativa da não aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA), para indicar um corte robusto”, afirmou Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos.
Para ele, a opção dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento por um corte maior do que o esperado “é uma decisão acertada” e deve ser lida como um reforço do governo em relação ao compromisso estabelecido na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
A Warren Investimentos esperava o anúncio de contenção dos gastos em torno de R$ 15 bilhões. Mas, nas contas da corretora, o congelamento necessário seria de R$ 25 a 30 bilhões.
Salto considera ainda que, a exemplo de 2024, o governo deve cumprir a meta fiscal, “mas com um resultado primário muito abaixo do requerido pela sustentabilidade fiscal”.
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Preocupação com o fiscal continua
Para Salto, o desafio fiscal está longe de se resolver. “Para 2026, a meta estipulada é um superávit de 0,25% do PIB, podendo chegar a zero, dada a banda inferior. Nossa projeção, entretanto, indica um déficit de 0,8% do PIB”, afirmou.
Contudo, o economista avalia que a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pode colaborar para amenizar esse resultado. “Mas há ainda outros riscos a serem acompanhados, como eventuais reajustes em programas sociais e a dinâmica das receitas, dada a desaceleração já contratada para a atividade econômica”, acrescentou Salto.
Também nesta quinta-feira (22), o Ministério da Fazenda anunciou mudanças no IOF sobre operações de crédito para empresas, seguros e câmbio. Nas contas da pasta econômica, a medida prevê uma arrecadação de R$ 20,5 neste ano e de R$ 41 bilhões até em 2026.
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Projeções da Warren
Após a divulgação do Relatório Bimestral, a Warren reiterou a projeção de déficit primário de R$ 75,1 bilhões para 2025, sendo R$ 44,1 bilhões em precatórios excedentes ao antigo sublimite descontados para fins de verificação do compromisso legal.
Para a receita líquida do governo central, a projeção é de R$ 2.314 bilhões. Já para as despesas primárias, a casa estima R$ 2.389,1 bilhões, das quais R$ 190,9 bilhões, em gastos discricionários.
“Com o corte anunciado, as despesas discricionárias deverão ficar em R$ 189,8 bilhões, segundo as nossas projeções, garantindo a entrega do resultado acima mencionado”, destacou o economista-chefe.
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