A reunião desta quarta-feira (18) do Comitê de Política Monetária (Copom) carrega potencial de reprecificação significativa para os juros futuros. Enquanto economistas projetam mais amplamente a manutenção do atual nível da Selic, de 14,75%, o mercado já se posiciona para uma alta de alta de 0,25 ponto percentual – se o primeiro grupo estiver certo, os juros podem se mexer bastante no pós-Copom.
Entenda a seguir quais são os argumentos de quem defende Selic mantida em 14,75% e quem aposta em alta para 15%, e como a decisão da noite desta quarta pode afetar a curva de juros que rege a renda fixa.
Por que Copom de hoje está indefinido? Analista explica incerteza sobre Selic
É uma das decisões mais difíceis do Banco Central”, afirmou Tiago Sbardelotto, economista da XP, sobre a definição pelo Comitê de Política Monetária (Copom) da taxa Selic nesta quarta (18); veja motivos que levam a esse cenário
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O que diz quem defende Selic a 14,75%?
Dados compilados pela Reuters apontam que, de 47 projeções para a Selic, 30 esperam manutenção em 14,75%, e 17 esperam alta para 15%.
A equipe macro da XP resume bem a complexidade atual: “o fluxo de dados e notícias econômicas desde a última reunião do Copom foi ambíguo”. Por um lado, a inflação corrente mostrou surpresas positivas, o real se valorizou e houve deflação relevante no atacado. Por outro, a atividade econômica permaneceu aquecida, o mercado de trabalho apertado e o preço do petróleo subiu, puxado por tensões no Oriente Médio. O cenário-base da casa é de manutenção.
A LCA reforça esse diagnóstico. Para a consultoria, “a inflação ao consumidor tem mostrado algum arrefecimento” e há sinais de desaceleração na atividade. Ainda assim, a expectativa é de que o Copom interrompa o ciclo de aperto monetário, mas mantenha a taxa básica em patamar elevado por um período prolongado .
Na leitura do Itaú BBA, a decisão de manter os juros seria justificada pelo “avanço no ciclo de aperto, pelos efeitos cumulativos da política monetária e por um ambiente de incerteza acima da média”, com o Banco Central mantendo uma abordagem dependente dados e cautelosa.
O que diz quem defende alta para 15%
Por outro lado, casas como Goldman Sachs apontam que a combinação de inflação ainda elevada — especialmente nos núcleos e serviços — e uma economia resiliente justificariam uma alta adicional. “A atividade permanece robusta, o mercado de trabalho apertado, e ainda há estímulo fiscal e creditício em curso”, escreveram os economistas Alberto Ramos e Sergio Armella.
A XP também reconhece esse risco, destacando que a decisão é apertada e que, caso venha uma alta, esta deve ser a última do ano. O relatório macro da casa pontua: “se houver alta de juros nesta semana, tende a ser a última do ano. A decisão desta semana parece bem aberta.”
Taxas dos títulos públicos podem cair?
Com a curva ainda refletindo uma probabilidade majoritária de alta — 64,75% apostavam nesse cenário no início da tarde, segundo apostas embutidas no contrato Opção de Copom, negociado na B3 — uma decisão de manutenção pode provocar correção principalmente nos vértices mais curtos.
A equipe de renda fixa da XP antecipa essa possibilidade: “Há parcela considerável que aguarda manutenção em 14,75%. Este é o nosso cenário-base e, por isso, entendemos que deve haver reação de fechamento na parte curta da curva após a decisão do Copom.”
O movimento já pode estar sendo ensaiado. Dados do Tesouro Direto mostram que, às 12h01, os prefixados com vencimento em 2028 e 2032 operavam com taxas em leve queda, a 13,57% e 13,78% ao ano, respectivamente, ante 13,62% e 13,79% na véspera.
Entre os títulos do Tesouro IPCA+, movimento misto, com o papel de 2029 pagando juro real de 7,58%, em estabilidade, e os mais longos, de 2040 e 2050, com queda mais forte para 6,99% e 6,93% ao ano, contra 7,02% e 6,99% ontem.
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