A inflação melhor do que o esperado em julho passa mais tranquilidade ao Comitê de Política Monetária (Copom) para as próximas reuniões. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,26% no mês, ante expectativa de 0,35%.
Na reunião passada, o Banco Central (BC) interrompeu o ciclo de altas da Selic e manteve os juros estáveis em 15% ao ano.
Os diretores explicaram que a pausa serviria para avaliar os efeitos acumulados dos ajustes já realizados e ressaltaram a necessidade de manter a política monetária em patamar contracionista por um período prolongado, a fim de garantir a convergência da inflação à meta.
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O economista do Inter, André Valério, diz que, apesar de ter pouca influência no curto prazo, o IPCA de julho contribui para essa percepção.
No mês, o grupo de alimentação e bebidas apresentou a segunda queda consecutiva, com recuo de 0,27%. A principal contribuição veio da alimentação no domicílio, que teve deflação de 0,69%, puxada pelas baixas nos preços da batata-inglesa (-20,27%), cebola (-13,26%) e arroz (-2,89%).
O vestuário também foi destaque, com queda de 0,54%, influenciada pela redução nos preços das roupas femininas (-0,98%) e masculinas (-0,87%).
O núcleo do IPCA recuou pelo sexto mês consecutivo, 0,27%. Em 12 meses, acumula alta de 5,07%, menor desde março de 2025.
A inflação de serviços, por sua vez, acelerou e atingiu 0,59%, maior valor desde março de 2025. Entretanto, o resultado foi amplamente influenciado pelo comportamento das passagens aéreas. Excluindo esse item, a inflação de serviços teria sido de 0,31%.
Por outro lado, a inflação de serviços subjacentes, vista como menos sensível à política monetária, voltou a acelerar, alcançando 0,49%. Já os serviços intensivos em trabalho desaceleraram para 0,31%, menor valor desde outubro de 2024, sugerindo baixo repasse salarial para o IPCA.
Apesar do alívio marginal, a XP Investimentos vê espaço limitado para que a inflação de serviços convirja para a meta. “Componentes importantes da inflação subjacente dos serviços ainda estão acelerando ou se estabilizando em níveis elevados”, diz o economista Alexandre Maluf.
Inflação ainda não é suficiente para cortes de juros
O Inter avalia que, apesar da mensagem positiva que o IPCA de julho passou para o Copom, o início do ciclo de cortes da Selic ainda depende de uma sinalização mais clara de que a política monetária restritiva esteja impactando a atividade real.
“Notam-se sinais de acomodação da atividade e no crédito, e devemos ter um crescimento menor do PIB no 2º trimestre”, diz Valério.
A casa projeta que a autarquia inicie o ciclo de afrouxamento monetário na reunião de dezembro, com um corte inicial de 0,50 ponto percentual.
Já a XP diz que, se o movimento de queda se materializar em revisões baixistas para a inflação no Boletim Focus, especialmente em 2026, o mercado pode antecipar perspectivas para o afrouxamento monetário para 2025.
“Seguimos enxergando o Banco Central cortando juros a partir de janeiro”, diz Maluf.