A tarifa de 50% nas exportações do café brasileiro para os Estados Unidos vai ameaçar a competitividade do produto nacional, alerta a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), que representa a totalidade desse segmento industrial no Brasil. O produto ficou de fora da lista de exceções da alíquota, que contemplou setores como aviação e suco de laranja.
A entidade destaca que os EUA são o principal parceiro comercial e destino do café solúvel brasileiro. Em 2024, os EUA importaram 780 mil sacas de 60 kg do produto nacional, o que representa cerca de 20% do total das exportações do segmento.
“A imposição desta tarifa de 50% coloca o Brasil em uma flagrante desvantagem competitiva. Enquanto o México, nosso principal concorrente, poderá comercializar sem tarifas e outros fornecedores após o Brasil enfrentarão taxas de 10% a, no máximo, 27%, o café solúvel brasileiro será o mais penalizado”, compara Aguinaldo Lima, diretor executivo da Abics.
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Negociações
Segundo Lima, a Abics e demais associações ligadas ao café mantêm “estreito contato” com clientes nos EUA, além das autoridades brasileiras, para intensificar os esforços de diálogo e negociação. De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as negociações ocorrem junto aos pares dos Estados Unidos, como a National Coffee Association (NCA), traders, importadoras e redes de cafeteria.
“Nosso objetivo primordial é buscar a reversão desta medida ou, no mínimo, garantir a isenção de tarifas para todos os cafés do Brasil, tanto em suas formas in natura quanto industrializadas”, diz Lima.
De acordo com Lima, a decisão prejudica não apenas a indústria brasileira, mas também os consumidores norte-americanos, que se beneficiam da qualidade e do preço competitivo do produto nacional.
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Alternativas para setores atingidos
O governo prepara um pacote de socorro aos setores afetados. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta que as medidas incluem crédito para empresas e aumento de compras governamentais.
Além disso, alguns estados, como Goiás e São Paulo, preparam suas próprias linhas de financiamento alternativas para ajudar empresas.
O governo busca um corte nas tarifas de produtos não isentos, com prioridade para café, cacau e carnes. A estratégia envolve diálogo direto entre autoridades de alto escalão, e, ao menos até a semana passada, incluía a possibilidade de conversa entre Trump e Lula – o que esfriou após sanção contra Alexandre de Moraes e prisão domiciliar de Bolsonaro, vista como entrave para negociações.
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