O Brasil fechou o primeiro trimestre com alta da taxa de desemprego em relação ao final do ano passado devido ao aumento no número de pessoas em busca de trabalho, ampliando os sinais de desaceleração do mercado, embora seja a menor taxa para o período desde o início da série histórica em 2012.
Nos três meses até março a taxa de desemprego chegou a 7,0%, de 6,2% no quarto trimestre de 2024, mostraram os dados divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
O resultado ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters e, apesar do aumento, ainda indica um mercado de trabalho aquecido, ficando bem abaixo dos 7,9% do mesmo período do ano anterior.
Em relação à renda média, esta chegou a R$ 3.410 no primeiro trimestre, novo recorde na série iniciada em 2012, com alta de 1,2% sobre o quarto trimestre e de 4,0% na comparação anual.
VEJA TAMBÉM: Quais são os destaques da Agrishow? A maior feira do Agronegócio do país começou! Acompanhe a cobertura completa do Agrotimes
A expectativa é de que a taxa de desemprego permaneça este ano em patamares ainda baixos para os padrões históricos, mas com o mercado de trabalho mostrando sinais de deterioração gradual em linha com a perda de força esperada para a economia.
A taxa baixa de desemprego ajuda a estimular a atividade econômica, mas, por outro lado, dificulta o controle da inflação, principalmente a de serviços, o que vem mantendo o Banco Central no ritmo de aperto monetário.
O BC volta a se reunir na próxima semana para determinar a taxa básica Selic, atualmente em 14,25%, com expectativa de nova alta.
Nos três meses até março, o número de desempregados aumentou 13,1% em relação ao quarto trimestre de 2024, para 7,714 milhões, puxando a alta na taxa total de desemprego. O resultado, no entanto, representa ainda uma queda de 10,5% sobre o mesmo período do ano anterior.
Também contribuiu para o resultado da taxa de desemprego o recuo de 1,3% no total de ocupados no período sobre os três meses encerrados em dezembro, atingindo 102,483 milhões. Mas o dado ainda marca um aumento de 2,3% sobre o primeiro trimestre de 2024.
“O bom desempenho do mercado de trabalho nos últimos trimestres não chega a ser comprometido pelo crescimento sazonal da desocupação. Mesmo com expansão trimestral, a taxa de desocupação do primeiro trimestre de 2025 é menor que todas as registradas nesse mesmo período de anos anteriores”, destacou a coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy.
O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado teve alta de 0,5% na comparação trimestral, atingindo 39,447 milhões, enquanto os que não tinham carteira recuaram 5,3%, a 13,458 milhões.
“A retração da ocupação no primeiro trimestre ocorreu principalmente no emprego sem carteira relacionado à Construção, Serviços Domésticos e Educação”, completou Beringuy.
“A alta agora (da taxa total) não impactou ou comprometeu a formalidade e isso é significativo”, disse ela.
Os dados da pesquisa mostram ainda que o contingente de ocupados, segundo os grupamentos de atividade, não apresentou crescimento em nenhum grupamento na comparação com o trimestre imediatamente anterior.
Houve redução em Construção (-5,0%), Alojamento e alimentação (-3,3%), Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (-1,6%) e Serviços domésticos (-4,0%).